sábado, 27 de dezembro de 2008

Sábado em casa com as gatas

Pensei tanta coisa que já esqueci para postar nesse blog e posto logo agora que tou sem nada na cabeça. O fato é que fiz uma viagem bate-volta pelo sul do sul. Fui a Pelotas e a Rio Grande, tirei um Natal no campo. Respirar ar puro, dormir na grama e ser picada pelas formigas e ganhar meus presentes. Vi minha família completa, a parte de Pel e a de RG. Sempre é bom recarregar as baterias. Família tem isso, dá poder certo. É só saber dosar o convívio. Mas depois que eu cheguei em casa deu uma saudade e todo mundo. Mas tenho as gatas que são minha familhinha de casa.

Fiquei pensando numa coisa: como tem gente que sabe dizer a coisa errada no momento certo e depois a coisa ficar certa quando a gente se dá conta. Alguém me disse uma coisa que me caiu muito mal na hora, mas que hoje, me deixou tão tranquila. A gente não quer ver que tá perdendo tempo às vezes, mesmo sabendo que está.

Vou deixar junto com 2008 os falsos legais. Tá cheio deles por ai. Até que me provem o contrário, deixa eles no passado. Os amigões protetores de relacionamentos alheios que já acabaram eu também recomendo pegar o trem com destino 2008.

Ainda quero re-postar um texto que deletei e umas fotos da mini ceia de Natal, que foi uma graça.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

A vida como ela é

Uma das coisas mais curiosas de se morar sozinha é cozinhar. Se você faz pouco, mesmo assim, ainda é muito. E como uma pessoa vai cozinhar de verdade com uma quantidade de casinha de boneca? Eu não sei, só sei que não tenho acertado.

As duas últimas vezes em que cozinhei, quem mais comeu foi a lixeira. Peço desculpas a todos aqueles amigos queridos que tentei convidar para jantar, aconselhando-os de que cancelem o jantar em prol do paladar de vocês! :P.

A Sônia Hirsch falou sobre isso uma vez na Bons Fluídos. Ela disse também que com o tempo se aprende a medida. E deu várias dicas. Não tenho essa revista, não sei dizer a edição.

Para ser mais irônica a situação, descobri que minha multi-funcional é promíscua! Ela só imprime num Mac e só escaneia num PC! Pode uma coisa dessas!? Nem com um nem com outro ela completa o serviço.

Calorão de ar baforento nas ruas da capital hoje à tarde. Ontem peguei um finalzinho de pôr-do- sol e cuidei da vida naquilo que só a mim diz respeito.

Mas o pico do meu fim de semana foi assistir Teresa e o Aquário, de João Ricardo. Uma das coisas que mais me impressionou foi o condicionamento técnico dos atores (Sissi Venturin e Lisandro Bellotto), muitíssimo bem preparados. Eles pulam, pululam, giram, caem, levantam, se atiram... chega um ponto da peça, em que a Teresa gira o ' Amor ' dela pelo pescoço, segurando pela gravata, que nem em desenho animado.

São embalados em durex, descolam, recortam, ficam nús, gritam, cantam. A confirmação dessa resistência física, dessa carga atirada no corpo, se deu quando eu li no panfleto os agradecimentos, e encontrei o nome da célebre artista da Body Art, Marina Abramovic. Na década de 1970 ela colocava a vida nas suas performances.

O cenário é incrível também porque João Ricardo filma a peça e a projeta como tela-pano-de-fundo. São detalhes íntimos do palco que são revelados à platéia.

A ambientalização da peça foi feita com recursos muito simples, mas que graças a criatividade do diretor funcionaram muito bem. A proposta se equilibra com a arte contemporânea, ao lembrar muito do que vemos em bienais - luzes, filmagem, projeção, argumento forte mas nada escancarado. É ai que o espectador é confrontado, ao se perguntar se realmente está entendendo o que se passa.

A escolha da trilha sonora não podia ter sido mais adequada, ao ter em cena o músico Roger Canal, autor de um som hipnótico e envolvente que vai se alternando de forma dramática com a agonia vivida pelos protagonistas.

Vi no TSP. Iniciativa da Liga - Dedé Ribeiro, só podia ser! :)

Tem em 2009 - de 04 a 05 de março - Quartas 22 hs. Espaço OX no Ocidente.
E 10 de abril a 10 de maio - Sexta e Sábado 21h, Domingo 20h - Sala Álvaro Moreira.

A Teresa se apaixona por Netuno e diz que ele não é velho, que ele é "experiente".

sábado, 20 de dezembro de 2008

Entre dias, noites e trovas fracas.

Tenho pensado em postar por aqui. Já postei, me arrependi, deletei. Mas sem post ruim nunca vai ter post bom. Tenho visto tanta coisa acontecer, tanta gente surgir e ir embora. E tento gravar na memória, mas voa. Viver Porto Alegre foi uma das melhores opções da minha vida. Eu vou conhecendo a cidade e ela me surpreende, me apresenta a mim mesma.

Tanto tempo que cogito, tantas vezes que receio. Uma atitude, é isso.

Volta e meia chego em casa de manhã embargada do cheiro de cigarro do Beco. Dai no outro dia eu acordo e vou dar uma volta no Guaíba. Buscar um pouco de natureza, mas é pouco mesmo. Em casa para ver sol, coloco a metade do corpo para fora da janela. Afago as gatas, coloco água num pé de hortelã-pimenta, comprado num domingo de caminhada pós-Beco.

Naquele domingo, eu vi tanta coisa. Fachadas novas, casas acolhedoras, crianças brincando, carros que paravam para eu passar. E as ruas tinham amanhecidas encharcadas de sangue, depois de uma tarde de sábado da Caminhada Zumbi. Coisas de Poa.

Naquele sábado de noite, eu ouvi muita trova fraca. Existe uma fórmula na noite:

_Posso saber teu nome?
_Quantos anos tu tens?
_Mas parece bem menos!
_E tu? Que idade tu achas que eu tenho? Mais ou menos de 30?
-Com que tu trabalhas?
_Posso te dar um beijo?

E todas essas perguntas vieram de um cara só, mas foram repetidas por outros que deviam ser da mesma seita. Eu sempre procurei responder de mal-grado e acrescentar:

_Desculpa, eu vim ver a discotecagem. Com licença.

Não sou assim com todo mundo. Fiz bons amigos nessa noite, mas tem pessoas que são inconvenientes. Porquê eu tenho que querer beijar na boca uma pessoa que eu nunca vi mais gorda ou magra?

Essa noite foi tão menos do que eu esperava que fui até pegar o finalzinho da missa na Catedral, no domingo a tardinha. Não, não sou religiosa. Inclusive, meu tema de pesquisa é o paganismo. Mas me deu vontade de me benzer depois daquela noite.

Cheguei a jurar que não saia tão cedo. Mas ontem, um amigo querido me visitou e inventamos de sair de novo. Dessa vez foi mais pacato. Na outra noite, eu tava sozinha. E parece que tem uns caras que não aceitam muito bem o fato de que uma mulher quer sair sozinha. Deve lhes dar uma vontade compulsiva de acompanhar a tal da mulher, pois ficam insistindo. Que saco, eu gostava de sair sozinha.

Mas ontem foi mais legal. Fotografei a noite de novo, coisa que me agrada muito. Gosto de registrar os estranhos (estranhos no sentido de desconhecidos).

Mas tem umas coisas que são etiqueta eu acho. Fora a trova fraca, outro problema que eu noto são pessoas espaçosas. Tu estás ali, no teu canto, dançando ou vendo o povo dançar enquanto bebes uma cerva e vem um grupo e começa a te espremer contra um canto até te esmagar, porque tu na cabeça deles tá ocupando um espaço que eles aproveitariam melhor. Dão bundada, dançam pulando que nem macaco louco - pisando em ti, até que tu, por amor a paz, saias. Ainda tem o fato de colocar o cigarro na tua cara ou encostar para queimar a roupa (que a Deusa me livre e me guarde desse desastre). E pior coisa: muito disso quem faz é mulher contra mulher. Concorrência sem classe, à força.

Ah, tem os homens troglodita também, que ficam puxando os braços das meninas nas festas. Acho que nem o Homo Heidelbergensis (paleolítico, pedra lascada) abordava as mulheres quase arrancando os braços delas.

Fora essas coisas chatas, a noite é legal. Mas fácil, fácil, entedia se não tiver bons amigos para te fazer rir e acompanhar. Eu tenho alguns e sou grata por isso.